"Quando seu mundo desmorona...

Quando todos dizem que você está fora...

Quando seu corpo está quebrado...

Eu levantarei.

Eu voltarei.

E serei imbatível.

Nick Ravenshaw é o garoto de ouro do rugby britânico. Quando uma séria lesão ameaça sua carreira, ele chega ao fundo do poço, um homem quebrado.

Sentindo-se abandonado e traído por aqueles que lhe eram próximos, ele luta para retomar a sua vida. Talvez tivesse alguém por aí que pudesse ajudá-lo. Talvez ele possa encontrar sua vida de volta os eixos. Talvez... não.

Dra. Anna Scott talvez seja a pessoa que possa ajudar Nick, mas ela tem seus próprios segredos. E quando o passado de Nick volta para assombrá-los, a enigmática doutora se mostra mais vulnerável do que parece.

Quebrados e traídos, a luta por sobrevivência parece intolerável.
Quem desistirá, e quem se levantará, invicto?"

O pensamentos de Nick escureceram.

No melhor dos casos, ele ficaria de fora por ao menos quatro meses, provavelmente mais. No pior dos casos: ele nunca jogaria novamente.

Dor e frustração correram por ele. De todos os momentos para se machucar, por que agora? Por que eu?

Ele deveria rir ou chorar? Ele deveria rir pela ironia de ter a sua pior lesão em oito anos jogando rugby profissionalmente ser justamente no seu último jogo antes de começar a próxima temporada num time de primeira? Ele deveria celebrar que alguém o tinha pensado que ele era bom o suficiente? Ele deveria parecer como Marlon Brando e uivar para a lua, "eu poderia ter sido um contendor!"?

Ele não era dado a esse tipo de coisa.

Ele desligou o celular, fechou os olhos, escutando o gorgolejante som da sua carreira ir ralo abaixo.

Quatro da manhã e Nick estava bem acordado. Ele se esticou na cama king-size escutando o suave ressonar de Molly. Ela estava diferente ultimamente, mais distante. Ele imaginava se ela se arrependia do noivado com o futuro dele tão incerto.

Ao perceber que não conseguiria dormir tão cedo, ele saiu silenciosamente da cama e caminhou pela casa, inquieto e desconfortável.

Ele não tinha admitido para ninguém que estava preocupado. Mas ele conhecia seu próprio corpo, sabia do que era capaz... e sabia que seu tornozelo ainda não tinha curado direito. Sim, ele podia correr, mas não estava tão veloz quanto fora; ele não conseguia alcançar a mesma velocidade de antes, não como o 'The Rocket' conseguia. Ele não estava tão forte quando chutava, a bola não ia tão longe ou tão alto. Todos ao seu redor concordavam que ele ainda estava se recuperando, mas para Nick, parecia mais que isso.

E a crescente dúvida ameaçou sufocá-lo.

Ele nunca tivera problema de confiança antes, não assim. Era um veneno que trabalhava lentamente em seu coração e mente.

Quando pensava em não ter um clube para jogar, seu pulso começava a acelerar. E se ele tivesse que voltar a trabalhar na fábrica de novo...

Até transar com Molly não tinha desviado os pensamentos dos seus medos, e sua mente não ajudava enquanto ele tentava forçar seu corpo a relaxar. Era como se ele estivesse jogando na neblina: ele não conseguia ver seus colegas ou seus oponentes; só sabia que eles estavam ali, esperando por ele.

Nick sentou no sofá, tremendo com a sensação do couro frio contra sua pele nua. Como previsto, seu corpo doeu, e um espetacular hematoma tinha aflorado no seu quadril mesmo ele tendo tratado com arnica. Massageou o local, lembrando dos ataques que suportou hoje durante o treino. Outro souvenir do meu estilo de vida, ele pensou sombriamente.

Enquanto Nick treinava, ele pensava sobre o dever de casa que Anna tinha lhe dado, tentando pensar no que ele era bom. Três coisas não relacionadas ao rugby, ela disse. Ele mordeu o lábio e puxou a barba pensativamente enquanto respirava profundamente. Ele pegou o celular a abriu o aplicativo de notas.

Ele era bom no sexo, nunca tivera reclamações sobre isso, mas não achava que poderia colocar aquilo na lista de Anna.

Ele sabia fazer um belo Cottage Pie—isso contava? Ele não tinha certeza, mas com a falta de outras coisas para escrever, ele colocou no topo da sua lista.

Ele tamborilou os dedos no banco. Tinha algo mais no que ele era bom?

É, ele podia tocar violão, era passável. Não que ele tivesse muito tempo para praticar ultimamente. Ele tinha aprendido a tocar o início de 'Smoke on the Water' quando tinha dez anos—não que fosse algo muito complicado.

Ele adicionou isso na lista.

Três coisas. Três. Com certeza não deveria ser tão difícil de encontrar algo mais, certo? Ele mordeu a bochecha, pensando no encontro que tivera com Kenny e alguns de seus amigos de Rotterdam na semana passada. Ele tinha levado Kenny para casa depois de ele ter bebido além da conta. Kenny estava atualmente cuidando de sua própria lesão, estiramento do joelho, mas nada que não se curasse com algumas semanas de descanso.

Nick digitou no telefone, adicionando 'bom amigo' à lista.

Nick sentou no banco, recuperando o fôlego, limpando o rosto e tirando o cabelo dos olhos, mas quando levantou o olhar, ele se surpreendeu ao encontrar Anna o observando.

Ela não estava usando óculos e seus olhos eram claros e inquisitivos. Hoje eles eram da cor de uma tempestade de inverno.

Ela lhe deu um leve sorriso, então se virou para falar com o assistente do técnico que estava assistindo impassivelmente.

Ian o cutucou.

"Quem é essa?"

"Quem?"

Ian riu.

"Então é assim? A mulher que fez seus olhos arregalarem. Talvez eu deva ir lá e me apresentar."

Nick levantou uma sobrancelha.

"Sim, faça isso. Ela é a nova psicóloga esportiva do treinador."

"Puta merda, sério?" Ian parou. "Ela é boa?"

"O técnico diz que sim. Ela é... fácil de conversar."

Ian observou apreciativamente enquanto Anna desparecia de vista.

"Muito boa, cara. Classuda. Boa demais para a sua bunda peluda. De qualquer maneira, achei que você estava noivo... Apenas apreciando, não é?"

"Não enche."

Ian sorriu sabiamente.