Winter Renshaw - P.S. I Hate You {Capítulo 1 ~ Tradução}


Hoje foi liberado o primeiro capítulo de 'P.S. I Hate You' da autora Winter Renshaw e eu trouxe a tradução para vocês...!

Preparados? 

Lembrando o esqueminha básico das traduções de cada dia do blog: se for reproduzir a tradução em algum lugar, não deixe de dar os créditos ao blog!

Sinopse:
"Caro Isaiah,
Oito meses atrás, você era apenas um soltado pronto para ir servir seu país e eu era apenas uma garçonete, roubando algumas panquecas grátis para você e esperando que não notasse meus olhares demorados.
Mas você notou.
Passamos uma "semana de sábados" juntos antes de você ir embora, e dissemos adeus no dia oito, trocando endereços no último minuto.
Guardei todas as cartas que você me enviou, suas palavras rapidamente se tornaram minha religião.
Mas você sumiu há alguns meses, e então você tem a audácia de ontem entrar no meu restaurante e agir como se você nunca tivesse me visto na vida.
E pensar... Que eu quase me apaixonei por você e pela sua bela alma complicada.
Quase.
Qualquer que seja a sua razão—espero que seja boa.
Maritza, a garçonete.
PS — Eu odeio você, e dessa vez...é de verdade."
Capítulo 1:

Maritza

"Bem-vindo ao Brentwood Panqueca e Café. Eu sou a Maritza e serei sua garçonete," cumprimento o milionésimo cliente da manhã com a mesma frase. Esse cliente, um adônis de cabelos escuros e olhos cor de mel, esperou setenta minutos por uma mesa na janela, embora eu acredite que esse tempo para Los Angeles seja um piscar de olhos.

Ele parece não me notar.

"Apenas você hoje?" Pergunto, olhando para a cadeira vazia na frente dele. A correria do café da manhã estava a ponto de terminar, e para a sorte dele, tenho apenas uma outra mesa para atender.

Ele não responde, mas talvez ele não tenha me escutado?

"Café?" Faço outra pergunta óbvia. Quero dizer, o restaurante se chama Brentwood Panqueca e Café, caramba. Todo mundo vem aqui pelo café e pelas panquecas gigantes, e é considerado um crime você pedir outra coisa.

Colocando a caneca no lado direito da mesa, ele a empurra na minha direção e eu começo a encher. Balançando a mão, ele me para quando seu copo está pela metade. Um segundo depois, ele adiciona creme e metade de um pacotinho de açúcar, mas a maneira que ele se move é metódica, rígida. Com intenção.

"Senhora, isso realmente não deve ser interessante," ele diz sussurrando, sua colher tilintando contra a porcelana da caneca.

"Desculpe?"

"Você está parada aí me observando," ele diz. Dando duas batidas com a colher na caneca, ele a deixa junto ao guardanapo antes de direcionar o olhar intenso na minha direção. "Não tem uma outra mesa que precise de você?"

Seus olhos são quentes como mel mas seu olhar é frio, congelante. Nada revelava.

"Você está certo. Tem sim." Limpo minha gargante e me preparo para sair dali. Se eu estava encarando, não era a minha intenção, mas o idiota senhor "eu sou sexy e sei disso" não precisava chamar a minha atenção. Me processe por ser um pouco distraída. "Estarei de volta em um minuto, ok?"

Com isso, eu o deixo sozinho com o menu, o café, o seu humor sombrio, e com o seu olhar enervante... e seus ombros largos... e seus lábios carnudos... e volto ao trabalho, parando na mesa quatro para ver se o senhor e senhora Carnavale precisam de mais café.

Depois de atendê-los, respiro fundo e volto para o Senhor Alto, Sombrio e Babaca, forçando um sorriso no rosto.

"Você está pronto para pedir?" Pergunto, pegando minha caneta que estava presa atrás da orelha e meu bloco de notas que estava no avental verde.

Ele fecha o menu, segurando na minha direção ignorando o fato de que as minhas mãos estão ocupadas, mas consigo colocar debaixo do braço sem deixar cair nada.

"Duas panquecas," ele pede. "Ovos. Mexidos. Torrada de pão de centeio. Manteiga. Não use margarina."

"Sinto muito," eu aponto para a placa em cima da caixa registradora onde claramente se lê "UMA PANQUECA POR PESSOA - SEM EXCEÇÃO."

Ele suspira, sua expressão petrificando quando lê.

"Então é uma panqueca, ovos mexidos, e pão de centeio com manteiga..." Eu recito o seu pedido.

"Que tipo de regra idiota é essa?" Ele checa o relógio, como se tivesse outro lugar para ir. Ou como se ele não tivesse tempo para a regra que eu completamente concordava que era uma pura idiotice.

"Essas panquecas são gigantes. Prometo que uma será mais do que suficiente." Tento acalmar o ânimo dele antes que as coisas saiam do controle porque nunca é bonito quando a gerência tem que se envolver. Os donos do restaurante são pulso firme nessa política e a gerente do dia é ainda mais. Ela irá informar feliz à todos os clientes que incomodam que tem um motivo de "panqueca" no Brentwood Panqueca e Café estar no singular e não no plural.

Já vi pessoas indo embora e nunca mais voltando por causa dessa política estúpida e nossa pontuação no Yelp está no chinelo, mas de alguma maneira parece que não somos afetados por isso. A fila sempre é grande do lado de fora e vira a esquina nas manhãs dos finais de semana sem falha, e algumas vezes até nos dias de semana. Essas panquecas são incrivelmente deliciosas e mais do que merecem a sua reputação, mas essa regra idiota é nada mais do que marketing para aumentar a demanda.

"E se eu ainda estiver com fome?" Ele pergunta. "Posso pedir uma segunda?"

Encolhendo os ombros, balanço minha cabeça.

"Você deve estar tirando com a minha cara." Ele se ajeita na cadeira, com a mandíbula fechada. "É uma maldita panqueca, pelo amor de Deus!"

"Não é apenas uma panqueca," eu digo com o meu costumeiro e ensaiado sorriso. "É uma panqueca do Brentwood."

"Você está tentando ser fofa comigo, senhora?" ele pergunta, direcionando sua atenção para mim, embora não esteja flertando. Suas narinas se abrem um pouco e não posso deixar de imaginar o quão sexy ele parece quando está bravo—tirando o fato de que eu nunca me deixaria levar pela ideia de ir pelo caminho do prazer com um idiota desses.

Ele é gostoso pra caramba, mas eu não fico com idiotas. Simples assim.

Eu teria que estar bêbada. Tipo, realmente bêbada. E eu teria que estar desesperaad. E mesmo assim... Não sei. Ele tem um tipo de problema e nada no mundo seria capaz de me distrair o suficiente.

"Me deixe fazer o pedido, ok?" Pergunto com um sorriso tão forçado que as minhas bochechas chegam a doer. Dizem que o bom humor é contagioso, mas estou começando a achar que esse cara possa ser imune.

"Desde que seja o pedido completo, senhora." Ele diz, pressionando os lábios enquanto respira fundo. Eu não sei por que ele fica me chamando de "senhora" quando claramente sou mais nova que ele. Caramba, eu não podia beber legalmente até três anos atrás!

Não sou uma "senhora".

"O cozinheiro não vai fazer duas." Digo condescendente antes de morder o lábio. Se eu pudesse parecer inocente e modesta talvez ele se acalmasse um pouco? Funcionava. Algumas vezes.

"Então é para o meu convidado," ele aponta para o assento vazio à sua frente. Uma de suas mãos está fechada em punho, e não posso deixar de notar que seu relógio está programado em horário militar, "que parece estar atrasado."

"Não servimos convidados até que eles estejam fisicamente aqui," eu digo. De novo, outra política do restaurante... Muitas pessoas tentaram usar esse argumento no decorrer dos anos, então tiveram que fechar o cerco. Mas eles não apenas simplesmente fecharam o cerco—eles se blindaram os vidros da cozinha. Eles até fazem o cozinheiro checar a tela de pedidos e os monitores de segurança antes de preparar os pedidos, para ter certeza de que ninguém está quebrando as regras.

O homem passa a mão pelo cabelo escuro, que agora percebo que está no estilo "corte militar."

Militar.

Aposto que ele é um soldado.

Tem que ser. O cabelo. O relógio. Os constantes palavrões com o excesso de "senhora". Ele me lembra o meu primo Eli que passou dez anos no exército dos Estados Unidos, e se ele é remotamente parecido com Eli, ele não vai largar o osso tão facilmente.

Respirando fundo, coloco minha mão gentilmente em seu ombro apesar do fato de que não devemos tocar nos clientes por motivo algum, mas esse cara está tenso e os músculos dos seus ombros estão implorando por um toque gentil.

"Apenas... aguarde um segundo, ok?" Eu peço. "Vou ver o que posso fazer."

O cara serve o nosso país. Ele luta pela nossa liberdade. Apesar do fato de que ele é inquestionavelmente um idiota de marca maior, ao menos ele merece uma segunda panqueca.

Precisarei ser criativa.

Voltando para a cozinha, coloco a ordem dele no sistema e checo novamente o casal Carnavale. No meu caminho de volta para cozinha para encher meu bule de café, passo por uma mesa onde tinha uma gritaria de crianças, e uma delas tinha jogado sua panqueca gigante no chão, para a consternação da mãe.

Me inclinando, recolho a comida do chão e coloco novamente no prato.

"Você gostaria que eu levasse para a cozinha e pedisse outro?" Pergunto. Eles têm sorte. Essa é a única vez que o restaurante faz uma exceção, e precisarei apresentar a panqueca estragada como prova.

A criança grita e eu mal consigo escutar o que a mãe diz. Olhando ao redor da mesa, vejo cinco crianças menores de oito anos, todos eles vestidos em Burberry, Gucci, e Dior. A mãe, de lábios preenchidos, está com uma roupa esportiva brilhante, a pedra do tamanho de um planeta no dedo esquerdo e o pai está com o nariz enterrado no celular.

Mas eu não vou julgá-los.

Los Angeles está em falta com restaurantes que aceitam crianças, e não é como se o Mr. Chow ou o The Ivy recebessem crianças barulhentas de braços abertos. Eu nem sei se eles têm cadeiras infantis por lá.

"Eu não quero panqueca!" O mais velho das criaturas bronzeadas grita na cara da mãe, transformando sua feição plastificada em algo indecifrável.

"Apenas... apenas leve embora." Ela diz, frustrada, colocando a mão da testa imóvel de botox.

Concordando, levo a comida de volta para a cozinha, paro quando chego na entrada e pego uns guardanapos e escondo o prato. Assim que o meu cliente militar terminar sua primeira panqueca, levarei essa de volta para a cozinha e direi que ele acidentalmente a deixou cair no chão.

"Pedido pronto!" Um dos atendentes chamada da janela da cozinha, e eu me aproximo para ver o café da manhã do meu soldado quente e pronto—talvez eu tenha movido para o primeiro da fila quando ninguém estava olhando porque eu não tenho mais energia para lidar com ele pirando porque a comida estava demorando demais.

Pegando o prato, levo rapidamente para ele, entregando com um sorriso e um doce "Posso fazer mais alguma coisa por você?"

O olhar dele foi para a comida e voltou para mim.

"Eu sei." Digo com as mãos para cima. "Apenas... confie em mim. Vou cuidar de você."

Eu pisco, parcialmente enojada comigo mesma. Ele não tem nem ideia do quão é difícil para mim estar ajudando com ele me tratando assim. Eu gostaria de jogar o café quente no colo dele, mas por respeito e apreciação—e apenas por respeito e apreciação—pelo serviço dele, não recorrerei à isso.

Além disso, eu trabalho pelas gorjetas. Eu meio que tenho que fazer as vontades dele. E só Deus sabe que eu preciso desse trabalho.

Eu posso estar morando na maravilhosa casa de hóspedes da minha avó, mas acredite em mim, ela me cobra aluguel.

Facilidade não é uma coisa recorrente na família Claiborne.

Ele torce o nariz, pegando um pouco dos ovos mexidos.

Ele não agradece—não que eu esteja surpresa—e eu digo a ele que voltarei para checar logo em seguida enquanto vou para trás do balcão onde outra garçonete, Rachael, também está dando uma respirada.

"Aquela mesa com as crianças berrando," eu pergunto, "é sua?"

Ela assopra a franja loira e rola os olhos. "Sim."

"Melhor você do que eu," brinco. Rachel tem três desses em casa. Ela é boa com crianças e sempre parece saber a coisa certa a dizer para distraí-los ou acabar com uma birra.

"Eu troco com você," ela diz. "A família pelo Sr. Covinhas na mesa quatro."

"Ele tem covinhas?" Levanto a cabeça e observo o meu militar.

"Oh, Deus, tem." ela diz. "Profundas. E também um sorriso de matar. Achei que talvez ele fosse algum modelo ou ator, mas ele diz que era um soldado ativo."

"Não devemos estar falando do mesmo cara. Ele nem mesmo me deu um meio sorriso e ele já te disse o que faz para viver?"

"Huh." Rachael levanta uma sobrancelha, como se estivesse pensando se estávamos falando de duas pessoas diferentes. "Ele me perguntou como eu estava mais cedo e sorriu. Achei ele bem amigável."

"Aquele lá. Bem ali. De cabelo escuro? Olhos dourados? Músculos saltando da camiseta cinza?" Aponto rapidamente com o dedo.

Ela olha novamente. "Sim, ele mesmo. Você não esquece um rosto desses. Ou aqueles bíceps..."

"Estranho." Cruzo os braços, olhando para a direção dele e pensando que talvez ele tivesse algo contra garotas como eu. Embora eu seja bem comum comparando com outras garotas por aí. Tamanho comum, peso comum, cabelo castanho, olhos marrons.

Talvez eu o lembrasse de uma ex?

Ainda estou meio perdida no pensamento quando do nada ele se vira, nossos olhares se cruzam como se ele soubesse que eu o estava observando. Pegando uma toalha de mãos na minha frente, abaixo o olhar e tento parecer ocupada limpando o gelo derretido no balcão.

"No flagra." Rachael sussurra para mim antes de voltar para a família Roupas de Grife. Dou uma batidinha no seu braço quando ela passa, e então dou a mim mesma mais um tempinho para me recompor. Assim que minhas bochechas esfriam, vou novamente checar a mesa dele, aliviada ao encontrar o prato vazio, sem nem uma migalha da panqueca. Na verdade, ele comeu tudo... café, ovos, panqueca e o pão, tudo.

Estava pronta para pegar o prato quando ele me para, sua mão cobrindo a minha, e então nossos olhos se prendem um no outro.

"Por que você estava me encarando antes?" ele pergunta. A maneira como ele olha para mim é tanto invasiva quanto intrigante, como se ele estivesse me estudando, formando uma forte e rápida opinião, mas também como se ele estivesse dando uma conferida em mim, o que fazia nenhum sentido porque o aborrecimento dele para comigo praticamente emanava do seu perfeito corpo.

"Desculpe?" Me faço de desentendida.

"Eu vi. Responda a pergunta."

Oh, Deus. Ele não vai deixar isso pra lá. Alguma coisa me diz que eu deveria ter aceitado a oferta da Rachael sobre a troca de mesas. Essa aqui não tem sido nada mais do que problema desde o momento que eu trouxe o café.

Minha boca se abre e eu não tenho certeza do que dizer. Metade de mim sabe que eu provavelmente gaguejaria algum tipo de coisa sem sentido, algo que ele gostaria de ouvir para que não reclamasse para o meu gerente, mas a outra metade está cansada de ser legal para com um homem que tinha a decência de perguntar para a outra garçonete como ela estava e não consegue nem tratar a própria que o está servindo como um ser humano.

"Você estava falando de mim com a outra garçonete," ele diz. Sua mão ainda cobrindo a minha, me impedindo de fugir da conversa.

Suspirando, eu digo: "Ela queria fazer uma troca de mesas."

Ele franze o cenho e estuda o meu rosto.

"E então ela disse que você tinha covinhas nas bochechas," expliquei. "Ela disse que mais cedo você sorriu para ela... Eu estava apenas pensando o porquê de você ser tão educado com ela e comigo não."

Ele me solta e eu me endireito, arrumando meu avental antes colocar as mãos nos bolsos.

"Ela me deu o jornal enquanto eu esperava. Ela não precisava fazer isso," ele diz, pressionando os lábios um contra o outro. "Me dê algo para sorrir e eu sorrirei para você."

A audácia desse homem!

O calor nas minhas orelhas e o aperto da minha mandíbula me dizem que eu deveria me afastar se eu quisesse preservar minha posição como atendente na parte da manhã aqui na Brentwood Panqueca e Café, mas são caras como ele...

Eu tento dizer algo, mas todos os pensamentos na minha cabeça estão temporariamente insanos e sem sentido pela raiva. Um segundo depois, eu simplesmente digo. "Você gostaria que eu trouxesse a sua conta, senhor?"

"Não," ele diz sem uma pausa. "Ainda não terminei meu café da manhã."

Ambos olhamos para os pratos vazios.

"Mais ovos?" pergunto.

"Não."

Eu não acredito no que estou para fazer a este homem, mas nesse momento, quanto mais rápido ele sair daqui, melhor. Quero dizer, nesse ponto estou fazendo isso por mim, vamos falar a verdade.

"Um momento." Levo seus pratos vazios para a cozinha antes de voltar para a entrada e pegar aquela panqueca destruída da criança. Minha pulsação berra nos meus ouvidos e meu corpo está fervendo, mas eu finjo calma, voltando à janela dos pedidos e digo a um dos cozinheiros que meu cliente na mesa doze deixou cair a panqueca no chão.

Ele olha para o prato, então para o monitor de segurança, e então de volta para mim antes de tirar o prato das minhas mãos e trocar por um com comida nova. É uma linha de montagem confiável ali atrás, apenas um monte de caras com toucas parados na frente dos fogões com espátulas em cada mão.

"Obrigada, Brad," eu agradeço. Voltando para o meu cliente, paro para checar o casal Carnavale, para encontrar a mesa deles sendo limpa e Rachael me diz que ela cuidou da conta porque ele estavam com pressa.

Merda.

"Aqui está." Coloco o prato na frente do meu soldado.

Ele olha para mim, olhos cor de mel me observando por um momento. Eu pisco, rezando para ele não fazer perguntas.

"Me avise se você precisar de algo mais, ok?" Digo, não conseguindo me impedir de adicionar, "só não peça outra panqueca porque nem a pau vou arriscar novamente meu emprego por um ingrato como você."

"Café., senhora. Eu gostaria de mais café." Ele pega o molho e despeja o líquido doce e dos deuses por toda a panqueca quentinha, e eu tento não ficar olhando enquanto ele faz um "x" e então um círculo.

Me afastando, pego o bule de café fresco e volto para servi-lo, colocando apenas metade. Um segundo depois ele me olha, seus lábios cheios levantam e revelam o mais perfeito par de covinhas que eu já tinha visto... como se os últimos vinte minutos tivessem sido algum tipo de piada e ele estava apenas me testando ao ser o maior idiota do mundo.

Mas apenas com isso, pareceu desaparecer.

Seu branco sorriso moldurado por covinhas some antes que eu tenha a chance de ter uma visão de que tipo de alma ele tem quando não está todo tenso e sombrio.

"Que bom que finalmente te dei uma razão para sorrir." Brinco. Meio. E gentilmente esfrego seu ombro, que ainda está duro pra caramba. "Posso pegar mais alguma coisa para você?"

"Sim, senhora. Vou querer a conta."

Graças. À. Deus.

Vou o mais rápido que posso. Em um minuto, coloco meu login no sistema, imprimo a conta, coloco em uma pastinha e volto para a mesa dele. Seu cartão de crédito está no cantinho da mesa quando chego, como se eu tivesse demorado demais e ele ficou cansado de segurar.

Ele está tão ansioso para ir quanto eu estou para vê-lo fora daqui. Acho que isso é a única coisa que temos em comum.

"Já voltarei com o recibo," aviso. Seu cartão—azul marinho com a logo da VISA no canto e com NAVY ARMY CREDIT UNION no topo—traz o nome "Isaiah Torres".

Quando eu volto, lhe dou a caneta roxo neon e recolho os pratos.

"Obrigado pela..." ele aponta para o prato na minha mão enquanto assina o recibo. "Por isso."

"Claro," eu falo, evitando contato visual porque quanto mais rápido eu puder fingir que ele foi embora, melhor. "Aproveite o resto do seu dia."

Imbecil.

Olhando para cima, pego nossa hostess, Maddie, acenando para mim e gesticulando que eu tenho mais três mesas. Ótimo. Graças ao Senhor Encantado, eu desapontei o casal Carnavale, arrisquei meu emprego, e deixei várias mesas esperando por meia hora.

Isaiah assina o recibo, fecha a pastinha de couro, e desliza para fora da sua cabine. Quando ele se levanta, ele eleva sobre mim, abaixando a cabeça e segura meu olhar pelo que parece um segundo interminável.

Por um momento, fico tão cega pelo seu maxilar esculpido e seus lábios cheios, que meu coração pula algumas batidas e eu quase esqueço da nossa pequena troca de palavras.

"Senhora, se você me der licença," ele diz e eu percebo que estou bloqueando seu caminho.

Dou um passo para o lado, e quando ele passa, seu braço roça contra o meu e o cheiro de sabonete e loção pós-barba entra nos meus pulmões. Colocando a pastinha do recibo no meu avental, me encaminho para as novas mesas antes de voltar correndo para começar a encher os copos com bebidas.

Olhando para a saída, o observo parar na porta antes de lentamente se virar para dar uma última olhada para mim por alguma razão que eu nunca saberei, e só depois de uma hora que eu finalmente tenho a chance de olhar o recibo dele. Talvez eu estivesse relutando em fazer isso, talvez eu propositalmente tenha deixado isso de lado, sabendo muito bem que ele iria me dar alguma gorjeta ridícula depois de tudo o que eu tinha feito por ele. Ou pior: nenhuma gorjeta.

Mas quase caio para trás.

"Maritza, o que foi?" Rachael pergunta, parando do nada na minha frente, com as mãos cheias de louças sujas.

Balanço minha cabeça. "Aquele cara... ele me deixou cem dólares de gorjeta."

Ela franze o cenho. "O que? Deixe-me ver. Talvez é algum erro de escrita."

Eu mostro para ela o recibo e o um e dois zeros estão escritos claramente na linha da gorjeta. O total confirma que a gorjeta não foi um erro de escrita.

"Eu não entendo. Ele foi um imbecil comigo," falo sussurando. "Isso é o que, tipo, quinhentos por cento?"

"Talvez a conciência tenha pesado no último minuto." Ela fala fazendo beicinho.

Rolo os olhos. "O que quer que tenha sido, espero que ele nunca mais volte aqui. E se ele voltar, você pode ficar com ele. Não há gorjeta o suficiente no mundo que me faça atender aquele arrogante de novo. Não me importa o quão gostoso ele é."

"Aceito bem contente." Ela sorri. "Eu tenho uma queda por arrogantes generosos e gostosos."

"Eu sei", falo. "Conheci os seus últimos dois ex."

Rachael mostra a língua para mim antes de sair, e eu roubo um último olhar da gorjeta do Isaiah. Não é como se ele fosse a primeira pessoa a me conceder isso gratuitamente—essa é uma cidade onde o dinheiro basicamente cresce em árvores—é só que não faz sentido e provavelmente nunca mais vou ter a chance de peguntar o motivo que o levou a fazer isso.

Respirando fundo, volto para o trabalho.

Trabalhei muito duro para deixar a minha vida descomplicada, e não vou perder meu tempo pensando em um cara complicado que eu nunca mais veria.

Além desse primeiro capítulo, também foi liberado um outro que você pode conferir clicando aqui!

Postarei a resenha aqui no blog assim que possível!

'P.S. I Hate You' já está disponível na Amazon e no Kindle Unlimitedclique aqui!

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Espero que tenham gostado, e lembrem de dar os devidos créditos ao blog se forem reproduzir o texto em algum lugar.

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