Eu sou o filho mais velho do rei da máfia. O favorito. Destinado a comandar, sou um homem perigoso, cruel. Mas no meu mundo, você tem que ser.

Então Natalie entra na minha vida. No lugar errado. Na hora errada.

Duas vezes o destino a colocou no meu caminho.
Duas vezes, o destino colocou um cordeiro inocente e à mercê de um monstro.

Eu lhe dei a chance de ir embora. Lhe disse que seria melhor para ela se ela assim o fizesse.

Mas ela não escutou.
E agora é tarde demais.

Porque eu não sou bom. Nunca quis ser. E agora não a deixarei ir embora. Veja bem, não sou um herói. Quando eu a toco, é com mão sujas.

Eu sei que o meu momento está chegando. Eu sei que vou queimar pelas coisas que eu fiz, pelos pecados que cometi. E não nego que é ao inferno que eu pertenço, mas primeiro quero meu tempo. Quero meu tempo com ela.

Ela é minha.
Para Sempre.
Não importa o que aconteça.

Vou direto para o meu escritório quando chego em casa. Mesmo estando sozinho, fecho a porta, força do hábito. Sento e ligo a luminária da mesa e olho para as fotos. Passo por cada uma. Estudo o rosto dela. Vejo sua raiva. Seu medo. Sua humilhação. Vejo tudo nessa ordem. Observo mais coisas também. Mais dela. E o meu pau está duro.

"Eu nem ia falar."

Eu sei disso. Sabia desde o começo. Ela está certa. Sou um pervertido. Um doente. Apenas uma pessoa doente faria isso, iria violar uma pessoa inocente dessa maneira. Não era necessário que eu fizesse o que fiz. Eu apenas queria.

Mas fiz as pazes há muito tempo com essa minha parte obscura. E não vou analisá-la agora.

A última foto, a que a minha mão estava no seu quadril, chama minha atenção. O anel da família Benedetti se mostra proeminente no meu dedo, minha mão enorme, masculina e dura na curva suave da sua cintura. Não é nem o vislumbre da sua boceta que me chama. É como ela olha para mim. Me observando com aqueles olhos escuros através do véu de seu cabelo. Como se ela estivesse me vendo. Realmente me vendo.

Eu os encaro. Não consigo afastar o olhar. O que eu vejo, não é o que espero. Não é ódio. Nem mesmo medo. É algo mais. Isso me deixa curioso. É quase como se tivesse algo familiar nela.

Se eu tentar, ainda posso sentir o seu cheiro. Ela estava excitada ou era obra da minha cabeça doentia? Criando algo que não era realidade. Gostaria de saber se ela está pensando em mim agora. Se ela está deitada na cama com seus dedos entre as pernas se lembrando das minhas mãos nela. Meus olhos nela. Ela se odiaria por isso, eu sei.

Volto para a primeira imagem. A que ela está sentada no chão, joelhos para cima, mãos cobrindo o máximo que conseguiam de seu corpo. Seu queixo enterrado no peito, seu cabelo como uma cortina escondendo seu rosto de mim. Mas se eu olhar mais de perto, veria seus olhos acusatórios pelo cabelo caído.

Tem algo nessa garota que simplesmente não sei dizer o que é. Algo que me deixou pensando nela mesmo quando eu deveria esquecê-la.

"Seguro", digo a mim mesmo, me levantando. Vou para a impressora e mando imprimir todas as fotos.

Escuto o ruído baixo da máquina enquanto imprime. Observo o rosto de Natalie aparecer lentamente. Quando todas as fotos estão prontas, as coloco numa gaveta chaveada na minha mesa antes de subir as escadas e liberar a pressão.

Espero que tenham gostado, e lembrem de dar os devidos créditos ao blog se forem reproduzir o texto em algum lugar.