King Williams conheceu o outro lado do inferno, sua torturada solidão escondendo a dor por trás da sua mandíbula esculpida. Sua teimosia sem igual o tinha levado longe, mas uma noite com Piper em um clube é tudo o que é preciso para mostrar as paredes que ele tinha levantado. Agora ele não consegue tirá-la da cabeça. Sua fúria obsessiva a puxa tão profundamente que coloca a vida dos dois em risco. A única coisa que importa pode ser a única que ele não pode proteger.

Quando Piper Parish viu King, membro de alto escalão do Sinister Knight MC, quase nu tarde da noite, não foi a primeira vez que ele tinha chamado sua atenção. Era, no entanto, a primeira vez que ela tinha visto o abdome trincado e as linhas que esculpiam seu corpo de bad boy. Como um relâmpago na escuridão, Piper se vê jogada no meio de um turbulento passeio com o motociclista...um passeio que ele nunca deixaria ela esquecer.

Aviso: King é um sexy e volúvel bad boy condutor de uma Harley. Ele é o que Piper imagina como malicioso, obscuro, atrativo e totalmente fora dos limites. Até agora. Ele não pararia até fazê-la dele, mas ela estaria pronta para se jogar em um passeio de uma vida?

Piper

"Eu amo ele, Piper. Eu sei que que já disse isso antes, mas tenho certeza dessa vez. De verdade." Anna fungou no meu ouvido enquanto apertava meu cotovelo.

"Ryker é louco por você. Consigo ver isso. Só pela maneira de urso mal-humorado que ele está nos encarando agora..." Ryker bufou, tomando um longo gole da sua garrafa de cerveja. "Apesar da sua disposição radiante, estou fez que você tenha voltado." Olhei para o homem em questão, ainda pairando ao redor da sua garota, atento à conversa, parecendo pronto para levá-la para longe de mim a qualquer minuto.

Ele provavelmente estava.

Suprimi um suspiro, meu olhar encontrando novamente um King carrancudo do outro lado do ambiente, com uma garrafa de cerveja na mão. Tenho desejado ultimamente que King olhasse para mim da mesma maneira que Ryker está olhando para Anna.

Anna merecia ser feliz, e eu sabia sem sombra de dúvidas que Ryker era o homem que a deixaria assim. Mas isso não significava que eu não estivesse nem um pouquinho com ciúmes do amor que ela encontrou. Eu tinha passado muito mais tempo no rancho nos últimos anos desde que Ryker tinha sido preso, não que Anna precisasse de uma babá, mas o fato de Ryker estar afastado fora difícil para ela.

Algumas noites eu a abraçava na sua cama e a deixava chorar no meu ombro.

Era a única coisa que eu poderia fazer.

Anna estava apenas se recuperando de um abuso nas mãos de alguém que ela confiava. Mas então Ryker, a mesma pessoa que a tinha salvado de um destino muito pior, também fora roubado de sua vida. Anna nunca mais foi a mesma depois que Ryker foi preso.

E agora que Ryker estava de volta e no rosto de Anna estava estampado um sorriso radiante, fiquei com apenas uma pessoa na cabeça.

Alguém que eu tinha observado das sombras por anos, fora do alcance, grande, sisudo e mais inteligente do que qualquer pessoa que eu já conheci.

Cresci como a irmãzinha dos Sinister Knights, mas desde o começo tive uma queda incontrolável pelo mais quieto da turma, King Williams. Sempre pensativo, respeitoso, com um senso de humor irônico e com uma barba cheia que me dava frio na barriga.

"Te mando uma mensagem mais tarde, okay?" Anna sorriu, a mão de Ryker já a puxando de mim.

"Divirta-se!" A mandei para longe, incapaz de conter aquele sorriso contagiante dela também tomar conta de mim.

Não há nada que eu adore mais do que ver minha melhor amiga feliz, mesmo se o cara responsável por isso fosse um filho da mãe enorme, alto e assustador.

Assim como ela também o fazia feliz, imaginei.

Assim que meus olhos caíram no sistema de som que estava no canto, King entrou no meu campo de visão, cabeça abaixada e olhos colados em mim.

Ele era tão devastador que quase me deixava sem fôlego.

Ele diminuiu a distância, seu olhar nunca desviando do meu, e de repente ele estava no meu espaço e drenando todo oxigênio dos meus pulmões.

"O-oi." Gaguejei.

"Piper." Ele acenou, parando no meu ombro, milhares de coisas não ditas em seus olhos.

Mordi o lábio, incapaz de formar uma única palavra.

Eu e King conversamos milhares de vezes sobre centenas de coisas diferentes no decorrer dos anos, mas agora eu estava, de repente, engasgando com a minha própria língua.

"Como está a Anna?" King finalmente perguntou, desviando o olhar.

"Ótima, agora que o Ryker está aqui."

King assentiu, um sorriso irônico aparecendo de um lado da sua boca.

O ar pesou entre nós, a energia estava tão intensa e sufocante que quase me engolfa apenas por estar perto dele. Eu não me sentia mais como uma menininha perto deste homem; me sentia como uma mulher, independente e forte, que valia a atenção dele.

Pressionei meus lábios, um contra o outro, meu estômago girava de uma maneira irritantemente vertiginosa antes dos primeiros acordes de uma música de Tom Petty soarem no aparelho de som.

Cobri os lábios, sufocando uma risada enquanto pensava numa noite de verão quando Ryker e King pegaram eu e a Anna depois da meia-noite, rindo enquanto falávamos sobre garotos por quem tínhamos uma quedinha. Até ali, King tinha me dominado, a maneira sombria como a sua energia sugava todo o ar do ambiente. Ele me deixava nervosa desde o primeiro dia.

"Quer dançar?" falei abruptamente, meio que me arrependendo.

Seu sorriso misterioso aumentou, os olhos dançando antes de uma mão me puxar para mais perto de seu corpo.

Quase perdi a cabeça.

Engoli a bola de nervosismo que se instalou na minha garganta e deslizei minha mão junto do seu bíceps musculoso.

"A única pessoa que eu quero abusando desse lábio lindo, sou eu." King murmurou, o dedão foi para o meu lábio inferior e puxou da sua prisão entre meus dentes.

"Oh."

Seu sorriso se aprofundou quando ele entrelaçou nossos dedos, me girando em um círculo sob seu braço e então me inclinando para trás. Seu nariz aquilino fez seu caminho subindo meu pescoço, lábios roçando minha pele em chamas e quase me levando num mar de felicidade entre suas botas de couro.

"Juro, toda vez que escuto essa música, estou com você." Ele se aproxima ainda mais dos meu lábios, quase tocando enquanto dançávamos juntos. Sua mão agora estava posicionada na parte de baixo das minhas costas, grudando nossos corpos um pouco mais.

"Verdade?" Perguntei.

Ele assentiu, seus olhos indo para o teto enquanto ele pensava no passado. "Quando Saint, Ryker, e eu ensinamos a você e Anna como dirigir treinando na velha caminhonete ao redor do pasto."

Balancei a cabeça, rindo daquela lembrança.

Anna tinha lutado contra o câmbio manual ao menos uma dezena de vezes, e quando Ryker estava quase perdendo a paciência, ele foi para trás do volante para mostrar como se fazia, apenas para ter o mesmo resultado.

"Aquele dia foi engraçado." Eu ri.

"Nós tivemos muitos dias legais." Ele disse, a oura mão indo para a base do meu pescoço, me puxando mais para junto de si. Me deixando um pouco mais bêbada do seu aroma. "E lembra quando o Prez quase pegou você e a Anna fugindo pela janela numa noite?"

"Ah, sim." Acenei, a breve lembrança se tornando mais clara conforme eu lembrava de King parando com a moto no momento em que Prez estava para nos perguntar para onde estávamos indo.

Em vez disso, ele imaginou que estávamos ali fora conversando com o King. Inocentes, só que não. "Nós nem saímos naquela noite, nos assustamos e voltamos pela janela da Anna. Fizemos pipoca e assistimos 'Clube dos Cinco'."

"Eu sei." King soltou um suspiro no meu pescoço, enviando arrepios pela minha coluna.

"Como você sabe?"

Seus dedos brincaram com o cabelo na minha têmpora, seu corpo duro estava pressionado tão perto do meu que eu tinha certeza de que conseguia sentir sua pesada ereção passando do meu umbigo. "Você acha que eu a teria deixado ir? Livrei você do Prez mas isso não significa que eu não sabia no que você estava metida. Eu teria deixado sua bunda marcada se você tentasse sair escondida de novo."

Meus joelhos fraquejaram, minha respiração se tornou irregular enquanto eu pensava sobre o corpo dele contra o meu, nossas roupas jogadas no chão, seus lábios correndo pelo meu corpo...

Suas mãos calosas desceram pelas minhas costas, o vestido que ia até as minhas coxas de repente parecia ser tecido demais nos separando.

Eu não sabia o que o amanhã traria, mas não me importava. Apenas ter as mãos de King em mim era uma fantansia que sonhei tantas noites que até perdi as contas. Agora, aqui estava, tudo no seu devido lugar.

"King!" A voz de Prez retumbou pelo ambiente.

King suspirou pesado, suas mãos apertaram as minhas costas enquanto ele descansava sua testa na minha. "Eu realmente queria não ter que atender esse chamado."

Passei uma mão pelo seu cabelo, louca para tirar aquela carranca da sua face. "O dever chama."

"É verdade." Seu aperto nas minhas costas diminuiu, seus lábios ficaram longe do meu alcance.

Engoli em seco, esperando, implorando silenciosamente para que seus lábios tocassem os meus, antes que Prez berrar mais uma vez. "King! Agora!"

Meu belo e pensativo motociclista grunhiu baixo, acenando uma vez, seu olhar preso no meu por um longo momento antes de se virar, cabeça abaixada, e se afastar de mim.

Ter King para mim nunca seria fácil com os Sinister Knight. O que eu estava pensando? Que talvez agora finalmente seria nossa hora?

Eu estava sob a influência contagiante dos olhinhos de coração da Anna, Tom Petty e os Heartbreakers, e aquele delicioso, amadeirado cheiro masculino que parecia seguir King para todos os lugares.

De qualquer maneira, quem diabos cheirava tão bem assim?