Christina Lauren - Beautiful Bastard 04 - Beautiful Secret {1o Capítulo!}

Gente, gente!

As autoras da série Cretino Irresistível estão à todo vapor!

No post anterior trouxe para vocês a tradução de uma cena extra de 'Playboy Irresistível', que vocês podem encontrar clicando aqui. Agora trouxe para vocês o primeiro capítulo do novo livro da mesma série!

O livro ainda não foi lançado, mas durante o ano passado as autoras já haviam liberado a capa e o tema. Mas só agora temos uma visão melhor de Ruby e Niall, o irmão de Max Stella!

E para um gostinho de quero mais, aí vai a tradução da sinopse e o primeiro capítulo de 'Beautiful Secret'!

Aviso de sempre: se forem reproduzir a tradução em algum lugar, não esqueçam dos créditos ao blog, ok?
"Quando o chefe de Ruby Miller anuncia que a mandará para uma viagem de negócios na cidade de Nova York, ela fica chocada. Como uma das melhores e mais brilhantes jovens engenheiras em Londres, ela sabe que é profissionalmente capacitada para a tarefa. A parte que a está incomodando é a que ela terá que passar um mês perto e trabalhando lado a lado—e ficar em um hotel com—Niall Stella, o executivo de planejamento urbano top de sua empresa e O Homem Mais Gostoso Vivo. Apesar da sua queda, Ruby está certa de que Niall mal sabe que ela existe...até que um flerte aéreo noturno faz com que ele acorde e a note.
Não sendo uma pessoa de deixar rolar e quebrar regras, o recentemente divorciado Niall se descreveria como sem esperanças para com as mulheres. Mas até ele reconhece que a garota descolada Ruby é uma lufada de ar fresco. Uma vez que ela torna sua missão ajudar o sexy britânico a se soltar, não há volta. Há milhares de quilômetros de Londres, é fácil para os amantes fingirem. Mas quando a viagem chega ao fim, o relacionamento que eles construíram ruirá?"
Um

Ruby

"Não estou dizendo que aposto que o pau dele é massivo, mas também não estou não dizendo isso."

"Pippa" Eu gemi, cobrindo meu rosto em horror. Era sete e meia da manhã de uma quinta-feira, pelo amor de Deus. Ela não poderia já estar bêbada.

Lancei um sorriso de desculpas para o homem de pé em frente à nós que observava com os olhos arregalados, e ponderei se conseguiria fazer a velocidade do elevador aumentar com o poder da minha mente.

Quando enviei um olhar para ela do outro lado do elevador, Pippa gesticulou "O quê?" e então levantou seus dedos indicadores formando um espaço de trinta centímetros entre eles. Ela sussurrou. "Pendurado como a porra de um cavalo."

Fui salva de me desculpar novamente quando paramos no terceiro andar e as portas abriram.

"Você percebeu que não estávamos sozinhas lá, certo?" Eu disse, seguindo-a pelo hall e virando no corredor, parando nas enormes portas duplas com Richadson-Corbett gravado nos vidros focos.

Ela olhou para cima, de sua procura em sua enorme bolsa, as pulseiras em seu braço direito tinindo como sinos de vento enquanto ela procurava pelas chaves. Sua bolsa era enorme e amarelo brilhante e coberta de taxas de metal. De baixo das brilhantes luzes florescentes, seu longo cabelo ruivo parecia praticamente neon.

Meu cabelo era loiro escuro e carregava uma bolsa transversal bege; me senti como um biscoito de baunilha parada perto dela. 

"Não estávamos?"

"Não! Aquele cara da contabilidade estava em pé bem na sua frente. Terei que ir lá em cima mais tarde e, graças à você, compartilharemos acidentais e estranhos olhares enquanto lembramos de você dizendo pau."

"Eu também disse 'Pendurado como a porra de um cavalo.'" Ela pareceu momentaneamente culpada antes de voltar sua atenção para a bolsa. "De qualquer maneira, os caras da contabilidade precisam se soltar." Então, gesticulando de forma dramática para o corredor ainda escuro à nossa frente, ela disse, "Eu assumo que estejamos aceitavelmente à sós para você?"

Dei a Pippa uma cortesia brincalhona. "Por favor. Vá em frente." Ela assentiu, sobrancelhas abaixadas em consternação. "Quero dizer, logicamente tem que ser enorme."

"Logicamente." Eu repeti, mordendo meu sorriso. Meu coração estava fazendo aqueles pulos malucos que sempre fazia quando falávamos sobre Niall Stella. Especular sobre o tamanho de seu pênis poderia ser minha ruína.

Com um golpe vitorioso de seu braço no ar, Pippa brandiu as chaves do escritório antes de colocá-las na fechadura. "Ruby, você já viu os dedos dele? Os pés? Sem falar no fato de que ele deve ter dois metros e meio de altura."

"Dois metros e dez." Eu a corrigi silenciosamente. "Mas o tamanho da mão não quer dizer necessariamente nada." Fechamos as portas atrás de nós e ligamos as luzes do escritório. "Muitos caras têm mãos grandes e não são especialmente dotados nas partes do departamento masculino."

Segui Pippa pelo estreito corredor para uma sala cheia de mesas em um canto menor, e menos opulento do terceiro andar.  Embora apertada, nossa pequena seção do escritório pelo menos era acolhedora, o que era sorte considerando que eu passava a maior parte do meu tempo ali, trabalhando, do que no pequeno flat que aluguei ao sul de Londres.

Richardson-Corbett Consultoria podia ser uma das maiores e mais bem sucedidas firmas de engenharia de toda a Europa, mas mantinha apenas alguns estagiários na equipe no momento. Logo depois de me formar na Universidade da Califórnia em San Diego, fiquei animada além do imaginável ao conseguir uma das vagas. As horas eram longas, e o dinheiro tinha sido imediatamente levado pelo meu amor por sapatos, mas o sacrifício estava começando a valer a pena: depois de completar meus primeiros noventa dias de estágio, uma plaquinha de identificação de metal substituiu o pedaço de fita adesiva com o nome Ruby Miller escrito nela, e tinha sido movida do que parecia não ser mais do que um closet no segundo andar, para um dos escritórios aqui no terceiro.

Eu tinha passado pelo ensino médio e sobrevivido à graduação com apenas piradas ocasionais. Mas me mudar para metade do mundo e bater os cotovelos com as melhores mentes de engenharia do Reino Unido? Eu nunca trabalhei tanto por algo na minha vida. Se eu conseguisse terminar o estágio tão bem quanto tinha começado, um lugar no programa de graduação dos sonhos de Oxford seria meu. Claro, terminar bem não envolvia ficar falando dos paus dos executivos no elevador do trabalho...

Mas Pippa estava apenas começando.

"Eu lembro de ler que era do pulso à ponta do dedo do meio..." Ela adicionou, e usou seus dedos para medir o comprimento de sua própria mão, e então os levantou para ilustrar seu ponto. "Se isso é verdade, o homem dos seus sonhos é bem dotado."

Cantarolei, pendurando meu casaco atrás da porta. "Eu acho."

Pippa jogou a bolsa na sua cadeira e me olhou com um olhar de conhecimento. "Eu adoro a maneira como você quer parecer desinteressada. Como se você não ficasse encarando a sua comissão quando ele está há uns três metros de você."

Tentei parecer indignada.

Tentei parecer horrorizada e juntar algum tipo de argumento.

Mas não consegui. Nos últimos seis meses, eu tinha registrado tantos olhares secretos na direção de Niall Stella que se alguém fosse um expert qualificado na topografia de sua virilha, seria eu. 

Coloquei minha bolsa no fundo da gaveta da minha mesa e fechei-a com um suspiro resignado. Aparentemente meus olhares secretos não foram tão secretos quanto eu imaginava. "Infelizmente, eu tenho certeza de que o pacote dele nunca esteve, e nunca estará tão perto de mim."

"Nunca estará se você nunca pedir. Quero dizer, olha, assim que eu tiver a chance, irei amassar aquele ruivo das Relações Públicas até que ele chore. Você deveria ao menos falar com o homem, Ruby."

Mas eu já estava balançando a cabeça e ela me bateu com as pontas de seu cachecol. "Considere como uma pesquisa para as suas aulas de Integridade Estruturais. Diga à ele que você precisa testar a resistência da tração de sua viga de aço."

Eu gemi. "Ótimo plano."

"Okay, então outra pessoa. O cara loiro da correspondência. Ele sempre está de olho em você."

Fiz uma careta. "Não estou interessada."

"Ethan dos contratos, então. Ele é baixo, tudo bem, mas ele serve. E você viu ele fazer aquele truque com a língua no bar?"

"Deus, não." Sentei, sentindo o peso de sua inspeção. "Nós realmente estamos tendo essa conversa agora? Podemos fingir que a minha enorme queda não é nada?"

"Temo que não. Você não está interessada em nenhum dos outros caras, mas também não fará nenhuma movimento no Sr. Nervoso." Ela suspirou. "Não me entenda mal. Stella serve pra caralho, mas ele está um pouco para o lado formal, você não concorda?"

Passei a unha ao longo da borda da minha mesa. "Eu meio que gosto disso nele." Eu disse. "Ele é estável."

"Indigesto." Ela respondeu.

"Contido." Eu insisti. "É como se ele tivesse saído de uns livros da Austen. Ele é o Sr. Darcy." Eu esperava que isso a fizesse entender. 

"Eu não entendo isso. O Sr. Darcy é curto com a Elizabeth, a ponto de ser grosseiro. Por que você iria querer alguém que dá tanto trabalho?"

"Quem dá tanto trabalho?" Eu perguntei. "Darcy não a ilude com falsos elogios ou cumprimentos que não tenham significado. Quando ele diz que a ama é porque a ama."

Pippa senta na cadeira e vira para o computador. "Talvez eu goste de um flerte."

"Mas um flerte é dessa maneira com todo mundo." Argumentei. "Darcy é estranho e difícil de se ler, mas quando você tem o coração dele, é seu."

"Soa como trabalho duro para mim."

Eu sabia que sempre seria tocada pelo meu lado romântico, mas a ideia de ver o contido herói solto de uma maneira que ninguém mais conseguia—desinibido, faminto, sedutor—ficava difícil para eu pensar em outra coisa quando Niall Stella estava por perto.

O problema era que eu ficava completamente estúpida quando ele estava por perto.

"Como eu posso esperar alguma vez ter uma conversa normal?" Eu perguntei para ela. Eu sabia que nunca faria nada sobre isso, mas era ótimo finalmente falar disso com alguém que o conhecia, alguém além de London e Lola, que estavam meio mundo de distância. "Você sabe, uma onde nós realmente estamos tendo uma conversa? Durante as reuniões da última semana, Anthony me perguntou se eu poderia apresentar os dados que ele tinha organizado sobre o projeto do Diamond Square, e eu estava pulando feliz da vida até levantei o olhar e o vi parado atrás de Anthony. Você sabe o quão duro eu trabalhei nisso? Semanas. E então um olhar de Niall Stelle e minha concentração evaporou."

Por alguma razão eu era incapaz de chamá-lo pelo seu primeiro nome. Niall Stella era um nome de honra, como Príncipe Harry ou Jesus Cristo.

"Eu parei de falar no meio de uma frase." Eu continuei. "Quando ele está perto de mim, ou eu falo coisas ridículas, ou fico muda."

Pippa riu antes de estreitar os olhos e me olhar de cima para baixo. Ela pegou o calendário e fingiu analisá-lo. "Que engraçado, acabei de perceber que é quinta-feira." Ela cantou. "Isso explica por que seu cabelo parece particularmente sexy, e você está vestindo essa pequena saia do pecado."

Corri a mão pelo meu curto, agitado cabelo. "Está como todos os dias."

Pippa bufou. Na verdade, demorei muito tempo ao me vestir esta manhã, mas eu precisava estar confiante hoje.

Porque como ela disse, hoje era quinta-feira, meu dia preferido da semana.

Nas quintas eu via ele.


Na maioria dos aspectos, quintas-feiras não deveriam ter nada para se empolgar. A lista especial de afazeres de quinta-feira incluía tarefas mundanas como regar o triste ficus que Lola insistiu para que eu contrabandeasse pelos milhares de quilômetros que separavam San Diego de Londres, digitar proposta de compra e despachá-la pelo correio, e colocar o lixo reciclável na calçada. Uma vida de glamour. Mas fixado no topo do meu Outlook toda quinta também tinha reunião do grupo de engenharia de Anthony Smith, onde, durante uma hora toda semana, eu tinha uma visão livre de Niall Stella, Vice Presidente, Diretor de Planejamento, e, puta merda, O Homem Mais Gostoso Vivo.

Se ao menos eu também pudesse adicionar ele na minha lista de afazeres.

Uma hora do nobre horário de Niall Stella era ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição, porque eu estava interessada no que estava acontecendo na empresa e descobrir que a maioria das discussões que aconteciam entre os parceiros de alto nível eram absolutamente interessantes. Eu tinha vinte e três anos, não doze. Eu tenho um diploma em engenharia e poderia ser a chefe deles um dia se eu pudesse tornar realidade. Que um único indivíduo tivesse o poder de roubar a minha atenção era além de mortificante. Eu não era geralmente volúvel ou desagradável, e eu tive namorados. De fato, saí mais depois que me mudei para Londres do que costumava sair em casa porque, bem, homens ingleses. Isso diz tudo.

Mas este homem inglês em particular era, infelizmente, além do meu alcance. Quase literalmente: Niall Stella tinha quase dois metros de altura sem dúvida alguma, com cabelos marrons perfeitamente estilosos, profundos olhos castanhos, largos ombros musculosos, e um sorriso tão lindo, nas raras ocasiões que aparecia no escritório, ele me fez perder completamente a linha de raciocínio.

De acordo com as fofocas do escritório, ele terminou a escola praticamente quando ainda era uma criança e era como um mentor lendário de planejamento urbano. Eu não tinha percebido que isso era uma coisa real até que comecei a trabalhar no grupo de engenharia da Richardson-Corbett e o vi aconselhar sobre tudo, desde a construção das diretrizes de controle até a composição química dos componentes do concreto. Ele era a palavra final, embora não oficialmente, de Londres, em todas as pontes, áreas comerciais e todas as estruturas de transporte. Para meu desgosto total, ele até mesmo saiu no meio de uma das reuniões de quintas para dirigir uma equipe de construções, quando um trabalhador da cidade ligou em pânico porque outra empresa tinha danificado o projeto da fundação e o concreto já havia sido espalhado. Virtualmente nada era construído em Londres sem que Niall Stella não tocasse em alguma coisa.

Primeiro ele tomava seu chá com leite (sem açúcar), tinha uma enorme sala no terceiro andar—bem longe do meu—claramente nunca tinha tempo para televisão, mas era um homem futebolístico por completo. E embora ele tivesse sido criado em Londres, ele estudou em Cambridge, depois em Oxford, e agora morava em Londres. Em algum lugar no meio do caminho Niall Stella desenvolveu seu sotaque elegante.

Também: recentemente divorciado. Meu coração mal conseguia aguentar isso. Seguindo em frente.

Número de vezes que Niall Stella tinha me olhado durante uma das reuniões de quinta? Doze. Número de conversas que tivemos? Quatro. Número de que ele pudesse lembrar de algum desses eventos? Zero. Estive lutando contra minha paixão por Niall Stella por seis meses, e tenho certeza de que ele soubesse que eu fosse uma funcionária da empresa, em vez de uma garota de entregas normal.

Surpreendentemente, por ele sempre ser uns dos primeiros no escritório, o homem em questão não estava aqui ainda. Eu chequeialgumas vezes—esticando meu pescoço para ver através da massa de pessoas que turvavam minha visão da sala de conferências. 

Nossa sala de reuniões era ladeada com um parede de janelas, com vista para a rua bastante movimentada abaixo de nós. Minha caminhada matinal para o trabalho tinha sido relativamente seca, mas como a maioria dos dias aqui, a chuva começou a cair do céu pesado pelas nuvens. Era o tipo de chuva que parecia um chuvisco sem consequências, mas aprendi a não ser tola: três minutos do lado de fora e eu estaria ensopada. Mesmo eu tendo crescido em um lugar tão chuvoso quanto o sul da Califórnia, nunca teria estado preparada para o ar de Londres, entre outubro e abril, parecia quase saturado com água, pesado e úmido. Como se uma nuvem de chuva tivesse se enrolado ao redor do meu corpo e se infiltrado direto em meus ossos.

A primavera tinha apenas começado em Londres, mas o pequeno pátio em frente ao Southwark Street ainda parecia lúgubre e nua. Me disseram que no verão é cheio com cadeiras rosas e pequenas mesas de um restaurante ali perto. Neste momento era tudo concreto e três árvores quase nuas, suas folhas marrons soprando pelo chão úmido.

Ao meu redor, as pessoas continuam a dar voz aos seus descontentamentos como tempo enquanto abriam seus laptops e terminavam seus chás, e eu desviei meu olhar da janela em tempo de ver os últimos retardatários chegando. Todos queriam estar sentados antes de Anthony Smith—meu chefe e diretor de engenharia da empresa—chegar do sexto andar.

Anthony era...bem, okay, ele era um pouco idiota. Ele comia os estagiários com os olhos, adorava se ouvir falar, e nada do que dizia soava sincero. Toda quinta de manhã ele apreciava tomar exemplo a última pessoa a entrar, ressaltando com um sorriso sacana sobre sua roupa ou cabelo para que todos na sala tivessem que assistir em silêncio sepulcral enquanto a pessoa se sentava no último assento vazio envergonhado. 

A porta rangeu enquanto era aberta. Emma.

Emma parou, segurando a porta aberta para alguém.

Ah. Karen.

Vozes soaram do lado de fora da sala, aumentando enquanto entravam. Victoria e John.

E então, ali estava ele.

"Hora do show." Pippa murmurou próxima a mim.

Vi o topo da cabeça de Niall Stella quando ele vinha logo atrás de Anthony, e foi como se o ar tivesse sido sugado da sala. Pessoas e conversas ficaram desfocadas e então era só ele, expressão neutra como se ele soubesse instintivamente quem estava e quem não estava lá, ombros envoltos em um terno escuro, uma mão enfiada casualmente no bolso da calça.

O sentimento quente e urgente em meu peito cresceu.

Havia algo em Niall Stella que fazia você querer observá-lo. Não porque ele era tempestuoso ou barulhento, porque ele não era. Havia uma tranquila confiança sobre ele, a maneira como ele se portava demandava atenção e respeito, e a sensação de que quando ele não estava falando, ele estava observando tudo, notando todos.

Todos exceto eu.

Vindo de uma família de terapeutas que discutiam tudo, nunca fui do tipo silenciosa. Meu irmão, e provavelmente até Lola, me chamariam de tagarela quando eu realmente começasse a falar. Então o fato de que eu, dentre todas as pessoas, não conseguia articular palavra alguma quando Niall Stella estava por perto não fazia sentido algum. O que eu sentia por ele era uma espécie de paixão distraída.

Ele nem precisa ir às reuniões das quintas; mas ele ia, porque ele queria ter certeza de que tudo estava dentro de um "consenso inter-departamental" e também sua divisão de planejamento "pudesse ao menos trabalhar o vocabulário de engenharia" já que era a responsabilidade de Niall Stella coordenar a engenharia com as políticas públicas e sua própria divisão de planejamento.

Não que eu tivesse memoriza tudo o que ele tenha dito nas reuniões.

Hoje ele estava vestindo uma camisa azul clara sob um terno escuro. Sua gravata era um fascinante turbilhão de amarelo e azul, e meus olhos se moveram do nó duplo Windsor para a pele lisa acima, a forte curva de seu pomo de Adão, o maxilar anguloso. Sua boca normalmente impassiva estava para baixo em consternação, e quando subi para seus olhos... Registrei que ele estava me observando comê-lo com os olhos como se esse fosse o meu trabalho.

Oh, Deus.

Voltei o olhar para o meu  laptop, a tela borrada com a intensidade do meu olhar. A enxurrada de telefones e impressoras no escritório fluiu através da porta aberta, parecendo crescer o caos, e então alguém fechou a porta, sinalizando o início da reunião. E como se a sala tivesse sido selada à vácuo, todos os barulhos parara abruptamente.

"Sr. Stella." Karen disse em cumprimento.

Cliquei na minha pasta de email, orelhas esquentando enquanto tentava ouvir sua resposta. Respirar, expirar. Novamente. Digitei minha senha. Quis que meu coração desacelerasse.

"Karen." Ele finalmente disse em sua perfeita, quieta, profunda voz, e um sorriso se espalhou inconscientemente em meu rosto. Não apenas um sorriso, um largo sorriso, como se tivesse acabado de oferecer um enorme pedaço de bolo.

Santo Deus, estou tão ferrada.

Mordendo a parte de dentro da bochecha, tentei acalmar minha expressão. A julgar pela maneira como o cotovelo de Pippa se chocou contra minhas costelas, tenho certeza de que falhei.

Ela se inclinou para mim. "Calma, garota." Ela sussurrou. "Foram apenas duas sílabas."

A porta abriu e Sasha, outra estagiária, deslizou para dentro com uma careta. "Desculpem, estou atrasada." Ela sussurrou. Uma olhada no relógio do laptop me disse que ela estava perfeitamente no horário, mas claro que Anthony não deixaria passar.

"Tudo bem, Sasha." Ele disse, observando-a se espremer estranhamente entre as várias cadeiras e a parede enquanto ela ia em direção ao assento vazio no canto longínquo. A sala pulsou em silêncio. "Belo vestido. É novo? Azul é uma boa cor para você." Sasha se sentou, suas bochechas rubras. "Bom dia, por falar nisso." Anthony disse com um sorriso aberto.

Fechei os olhos, tomei uma respiração profunda. Ele era tão idiota. 

Finalmente, a reunião começou de verdade. Anthony correu pela sua lista de questões para cada um de nós, papéis foram distribuídos, e quando me virei para entregar a pilha de papéis para a pessoa à minha direita, olhei para cima. E quase engoli minha língua.

Niall Stella estava apenas há duas cadeiras de distância de mim.

Sob meu cílios olhei para ele, o ângulo de seu maxilar—sempre bem barbeado, nunca com um tom sombreado—seus densos olhos e perfeitas, escuras sobrancelhas, sua camisa impecável e gravata. Seu cabelo parecia suave na penumbra da sala de reuniões. Franzi o cenho quando percebi que provavelmente era macio, também—porque claro que seria—e ponderei pela centésima vez como seria correr minhas mãos por ele, puxá-lo para baixo, e

"Ruby? Já tivemos alguma resposta de Adams e Avery?" Anthony perguntou.

Me ajeitei na cadeira e pisquei para o meu laptop, tendo ficado acordada até tarde com aquele arquivo noite passada.
"Ainda não." Eu disse, com um fio de voz. "Eles têm os nossos planos, redigidos e prontos para assinar. Mas verei novamente com eles caso não tenham ligado até o final do dia."

E okay, sim, era surpreendentemente articulado considerando como Niall Stella tinha voltado sua total atenção para mim.

Malditamente feliz comigo mesma, digitei um lembrete e apoiei o cotovelo na mesa, enrolando um fio de cabelo enquanto corria através do meu calendário.

Mas alguma coisa parecia estranha. Eu sentava nesta cadeira por uma hora toda semana, e estava quase certa de que nunca senti o que estou sentindo agora. Era uma pressão de um lado do meu rosto, o real peso físico da atenção de alguém.

Torci o cabelo ao redor do dedo e olhei casualmente para Pippa. Não, nada.

Com o que supus ser uma sutil inclinação para frente, estiquei um pouco mais meu pescoço, olhando para minha direita, e imediatamente congelei.

Ele ainda estava olhando para mim. Niall Stella estava olhando para mim.

Realmente olhando. Olhos castanhos claros encontraram os meus e seguraram o que nunca poderia ser considerado como uma olhada de relance, mas um verdadeiro olhar.

Sua expressão era curiosa, como se eu fosse uma nova mobília que alguém tivesse acabado de colocar na sala. Meu coração disparou, pulsação correndo pelas minhas veias. Dentro do meu peito, tudo parecia líquido e selvagem, e se alguém tivesse gritado Fogo! eu teria ido para as chamas, porque absolutamente de maneira alguma eu poderia controlar qualquer coisa que estivesse acontecendo com o meu corpo.

"Niall," Anthony disse.

Nial Stella piscou antes de afastar o olhar do meu rosto. "Sim?"

"Você se importa de nos dar uma atualização do Planejamento na proposta do Diamond Square? Quero que meu time tenha algumas especificações para você até o final da semana mas não sabemos a dimensão do espaço compartilhado deles..."

Eu parei enquanto Anthony, previsivelmente, expressava sua pergunta de uma forma que a fazia parecer umas sete vezes mais longa do que precisava ser.

Quando a pergunta se aproximava do fim, Niall Stella balançou a cabeça. "As dimensões." Ele disse, e começou a folhear pelo monte de papéis à sua frente. "Não tenho totalmente certeza se as peguei"

"As dimensões foram finalizadas esta manhã." Eu respondi por ele, e expliquei que as licenças seriam entregues no mais tardar até amanhã. "Eu pedi para Alexander enviar uma cópia dos blueprints esta tarde."

A sala ficou tão silenciosa que me preocupei por um minuto que eu tivesse perdido a audição.

Exceto que todos estavam olhando para mim. Ai meu Deus, o que eu fiz?

Eu tinha interrompido sem pensar.

Eu tinha respondido uma pergunta que claramente não era para mim.

Eu tinha respondido uma pergunta que ele definitivamente sabia a resposta.

Senti minhas sobrancelhas franzindo. Mas então por que ele não tinha respondido?

Me inclinei para frente e olhei para ele.

"Bom." Ele disse. Quieto. Profundo. Perfeito. Mexendo-se na cadeira, ele me olhou nos olhos e me deu um relance de um sorriso agradecido. "Encaminharam junto?"

Meu coração tinha deixado completamente o meu corpo. "Claro."

Ele ainda estava olhando para mim, claramente tão confuso quanto eu estava sobre o que tinha acabado de acontecer, mas contente de uma forma misteriosamente persistente. Eu nem tinha certeza do que tinha me levado a falar. Em um minuto Niall Stella estava olhando para mim, e no outro ele estava desajeitado enquanto tentava juntar os dados e responder a pergunta que claramente poderia ter respondido enquanto dormia.

Era quase como se a mente dele estivesse em outro lugar. Era algo que eu nunca tinha visto acontecer antes.

"Agora as grandes notícias." Anthony disse, olhando os papéis antes de soltá-los e se levantar. Olhei para cima, abalada pelo seu tom de voz. Anthony adorava ter a atenção da sala, e pela maneira como soou, ele estava se preparando para algo grande.

"O sistema do metrô de Nova York foi construído com a ideia de que as tempestades de cem anos acontecessem apenas a cada cem anos. Infelizmente, essa não é a realidade. Desastres como o Furacão Sandy provaram que o que estava planejado para cada cem anos, aconteciam a cada poucos anos. Os Estados Unidos estão gastando bilhões, visando entradas elevadas e comportas, levando em conta que trabalhamos extensivamente com o metrô de Londres, querem nossa ajuda, também. Então vou ficar fora por um mês para participar da Cúpula Internacional de Preparação a Emergências de transporte público, transporte aéreo, e infraestrutura urbana."

"Um mês?" Um engenheiro pleno perguntou, ecoando o que todos nós estávamos pensando. Me perguntei se alguém também estava ecoando o meu mental gesto de triunfo com a ideia de ficarmos livres de Anthony por esse período.

Anthony assentiu em sua direção. "Haverá três Cúpulas acontecendo separadamente. Nem todos que estão convidados ficarão durante todo o tempo, mas dado que nossa empresa é especializada tanto em transporte público quanto infraestrutura urbana, Richard decidiu que ele gostaria que nós ficássemos durante todo o período."

"'Nós?'" Perguntou um dos executivos do departamento de Niall Stella.

"Certo." Anthony disse, inclinando a cabeça para a esquerda. "Niall irá me acompanhar."

"Vocês dois estarão fora por um mês?" Eu soltei, instantaneamente desejando que pudesse retirar minhas palavras e engoli-las. Eu era uma estagiária. Uma das regras não ditas de Anthony era que não deveríamos falar nas reuniões a menos que fôssemos diretamente questionados. Eu podia sentir o peso do olhar de todo mundo novamente em mim. E para piorar? Eu podia sentir o olhar dele, pressionando minha pele, sondando.

"Er, sim, Ruby." Ele disse, claramente um pouco confuso.

Ele caminhou ao redor de sua cadeira e ficou de pé ao meu lado, as mãos escondidas dentro dos bolsos de sua calça. "Mas não se preocupe, eu sei que você está com o projeto da Oxford Street quase terminado, e eu estar longe não afetará nada de qualquer maneira. Se você precisar de alguma coisa de mim, sempre pode ligar."

"Oh." Eu disse, sentindo o calor sumir aos poucos de meu rosto. "É bom saber, obrigada." Claro que Anthony pensou que minhas palavras apressadas era por causa da preocupação pode ele estar indo viajar—você sabe, meu chefe?—e que talvez sua ausência fosse de alguma maneira interferir no meu trabalho.

"Suave." Pippa disse, enquanto suas longas unhas ovaladas corriam pelo teclado do computador.

"Cala a boooocaaaa." Sussurrei, derretendo em minha cadeira.

Eu não tinha ideia se Niall Stella ainda estava olhando para esta direção, e a parte minha de doze anos queria carregar Pippa para o banheiro das mulheres e reviver a cena, momento por momento. 

Mas eu sabia que isso seria um erro. No primeiro dia que ele parecia realmente me notar e eu tinha estragado tudo, agindo como um tipo de psicopata. Eu não precisava dela me dizendo que ele tinha feito aquela cara em minha direção, aquela em que ele franze o cenho e parecia como se alguém tivesse derramado sorvete em seu terno feito à mão.

Eu preferiria que ele voltasse a não saber que eu existo.


O final do dia me encontrou em nossa longa mesa compartilhada, revisando a pilha de licenças. Minha Coca Diet tinha esquentado, e eu estava contando os minutos para um banho quente e um livro mais quente ainda quando meu email chiou, assinalando a entrada de uma mensagem.

"Finalmente." Eu suspirei. Eu estava esperando pelo número de confirmação o dia todo, e agora—talvez—eu poderia ir para casa.

Ou talvez não.

Pippa bocejou ao meu lado e alongou os braços acima da cabeça. Já estava escuro lá fora e a caminhada para o metrô seria fria e molhada. "Podemos ir agora?"

Meus ombros caíram. "Na verdade, era uma email do Anthony." Eu disse para ela, franzindo para a minha tela. "Ele quer me ver em seu escritório antes de eu ir e posso imaginar no mínimo umas cem outras coisas que eu preferiria fazer ao invés disso."

"O quê?" Ela disse, inclinando-se para espiar o meu monitor. "O que ele quer?"

Balancei a cabeça. "Nenhuma ideia."

"Ele não tem um relógio? Nós deveríamos ter saído há vinte minutos." 

Digitei uma rápida resposta, deixando-o saber que eu estava à caminho, e comecei a desligar as coisas para a noite. "Você me espera?" Perguntei para Pippa.

Fazendo uma pausa a meio caminho de fechar a gaveta, ela me presenteou com uma careta triste. "Eu tenho que correr, desculpe, Rubes. Esperei o máximo que podia, mas tenho um monte de coisas para fazer hoje de noite."

Eu concordei, sentindo-me de alguma forma desconfortável por estar sendo deixada nos escritórios tão tarde com Anthony.

Os corredores estavam vazios quando entrei no elevador e subi para o sexto andar.

"Ruby, Ruby, ente." Ele disse, parando onde estava afastando algumas coisas na sala e arrumando-as em uma caixa em sua mesa. Ele tinha sido demitido? Era esperar demais?

"Feche a porta e sente-se." Ele continuou.

Eu senti um puxão de carranca no canto da minha boca. "Mas não tem ninguém aqui." Eu disse, deixando a porta aberta.

"Por que os seus pais colocaram seu nome de Ruby?" Ele perguntou, os olhos fazendo um lento caminhar pelo meu rosto.

Franzi ainda mais meu cenho. O quê? "Um...Não tenho certeza. Eu acho que eles apenas gostavam do nome." Anthony agarrou diversas coisas antigas, uma delas era uma garrafa de uísque de cristal da uma mesa atrás de sua mesa. Ele tinha bebido?

"Alguma vez eu lhe disse que o nome da minha avó era Ruby?" 

Eu olhei para o uísque, tentando lembrar o quão cheio ele estava da última vez que eu estive aqui.

Anthony contornou a sua mesa e se sentou no canto da mesa mais perto de mim. Sua coxa pressionada contra o lado do meu braço e me afastei na minha cadeira. 

"Não, senhor. Você não falou."

"Não, não, mão me chame de 'senhor'," Ele disse, balançando a mão em protesto. "Faz me sentir como se eu pudesse ser seu pai, lembra? Me chame de Anthony."

"Okay. Desculpe... Anthony..."

"Não sou seu pai, você sabe." Ele falou se inclinando, e então houve uma longa pausa. "Não sou tão velho assim."

Tentei ser sutil sobre o temor que atravessou o meu corpo. Estou bastante certa de que se fosse possível, Anthony literalmente escorreria sobre a mesa, para se reunir aos meus pés. E então ele olharia sob minha saia.

"Mas esse não é o por que eu lhe chamei aqui." Ele endireitou-se e puxou um arquivo de uma pilha em sua mesa. "Eu chamei você aqui porque houve uma mudança nos planos."

"Oh?"

"Ao que parece, algo apareceu e eu não poderei ir para Nova York."

O que isso tinha a ver comigo? Ele realmente pensava que eu estava tão preocupada por ele sair que precisasse me atualizar pessoalmente?

Eu engoli, tentando parecer interessada. "Você não vai?"

"Não." Ele disse, sorrindo de uma maneira que eu assumi que fosse para parecer generoso, até mesmo indulgente. "Você vai."

O livro será lançado lá fora no dia 14 de abril. Aqui no Brasil, a editora Universo dos Livros, que é a editora que publica a série, ainda não soltou nenhum comunicado, mas espero que não demore! :D

Se vocês quiserem a versão original, em inglês, clique aqui.

Se você acompanha o blog, sabe como eu adoro essa série, mas se você é novato por essas terras compulsivas, abaixo estou colocando os links para os meus comentários sobre a série e outras traduções:

        * Livro 1 - Beautiful Bastard - Cretino Irresistível

        * Livro 1.5 - Beautiful Bitch - Cretina Irresistível
        * Livro 3.5 - Beautiful Beginning - Noiva Irresistível
        * Livro 3.6 - Beautiful Beloved
        * Livro 4 - Beautiful Secret 

Trechos traduzidos:



Lembrando que qualquer informação ou tradução que forem reproduzir em algum lugar, não esqueçam de dar os devidos créditos ao blog... 

Espero que vocês tenham gostado!

Beijos, 

Mari.

2 comentários

  1. Que legal! Quando li tempo atrás que as séries se encontrariam, fiquei pensando de que forma isso seria feito. Curiosa pra saber se esses personagens vão mesmo se encontrar - que cheguem logo por aqui as histórias restantes de Cretino e Selvagem.

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